Emissoras norte americanas abrem as portas para as adaptações de HQs

Após o sucesso de Smallville, que ganhou inúmeras premiações e foi televisionada em outros países, inclusive no Brasil, o gênero de séries de TV baseadas em HQs tem crescido. A própria emissora que transmitia "As Aventuras do Superboy" (título nacional) nos Estados Unidos, The CW, hoje coloca a disposição do seu público Arrow, desde 2012 e colocará a disposição a partir de 2014/2015 The Flash e iZombie. Essas séries se juntam a Agents of the S.H.I.E.L.D, a já consagrada The Walking Dead e as outras seis novas produções americanas: Gotham (Fox), Constantine (NBC), Preacher, The Walking Dead Spin-off (AMC), Demolidor (Netflix) e Agent Carter (ABC).

Foto: Divulgação

Para Jota Silvestre, editor do blog Papo de Quadrinhos e colaborador da revista Mundo dos Super-Heróis, as HQs estão na moda, mas nunca se viu tanta coisa indo ao ar simultaneamente: "Penso que o cinema é o principal responsável pelo atual modismo. Quando você vê filmes como O Cavaleiro das Trevas, Vingadores e Homem de Ferro 3 ultrapassarem bilheteria de 1 bilhão de dólares, tem a medida do número de pessoas que estas tramas estão alcançando. Quem ganha somos nós, principalmente os leitores mais antigos."

Segundo Társis Salvatore, editor do blog Papo de Quadrinhos, o sucesso dos filmes baseados em personagens da Marvel e da DC Comics mostrou que existe um mercado para ser explorado. " O curioso é que antigamente elas eram para o público infantil e adolescente. Hoje, são para o público adulto que cresceu mas gosta e continua consumindo personagens baseados em HQs, principalmente super-heróis." conta Salvatore.

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Das séries que estreiam em 2014/2015, duas tiveram seus pilotos vazados: The Flash e Constantine. A primeira seguiu a premissa esperada e agradou ao público, ao contrário da segunda, que decepcionou e fez com que a NBC, emissora responsável pela adaptação, fizesse alterações, incluindo a mudança da personagem principal ao lado de John, Lucy Griffiths (True Blood), que está fora do elenco. Para Társis esse "vazamento" dos episódios foi proposital para testar a reação do público iniciado. O editor do site Ligado em Série, Davi Garcia, conta que assistiu aos dois pilotos, e leva fé em The Flash, pois "apesar dos efeitos inacabados, me pareceu mais promissor que o de Constantine que tem mais pinta de spin-off da série Supernatural do que uma produção nova adaptada de um personagem famoso dos quadrinhos."

Das novas séries, uma que chama atenção é Preacher. Publicada de 1995 à 2000, pela DC Comics, através do selo da Vertigo, a HQ é uma das apostas da AMC. Segundo Davi Garcia, tem de se ter cuidado em adaptar essa história. "Os temas são ainda mais sombrios que os de The Walking Dead por exemplo e a linguagem é muito mais explícita. Se essas características não forem respeitadas, a série pode perder muita força logo de cara." Esse mesmo universo da AMC contará com mais duas "concorrentes". Está sendo produzido pela própria emissora um spin-off da série de zumbis e a The CW também está adaptando um quadrinho do gênero, iZombie. Segundo Társis essas série vão depender mais da sua qualidade do que de um modismo, embora o modismo ajude sempre: "Os zumbis são personagens cíclicos, fazem sucesso e desaparecem algum tempo. Parei de acompanhar Walking Dead nos quadrinhos, mas dizem que tem altos e baixos a partir de uma certa numeração. Na TV ainda está se mantendo, apesar das críticas. Isso vai pelo menos despertar a atenção para IZombie em um primeiro momento."

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Para Jota Silvestre o futuro das adaptações ainda é prospero, pois não houve uma saturação, mas se o número de séries baseadas em quadrinhos continuar se reproduzindo nessa velocidade, esse ponto chegará, e a quantidade irá sobrepor-se à qualidade, cansando o público. Salvatore acha que o sucesso de uma série abre espaço para outras. "A tendência é que novas séries continuem sendo produzidas, com novas tentativas sendo feitas. Nem todas darão certo, outras terão vida curta, mas vale o esforço. Smallvile apresentou o primeiro Arqueiro Verde e isso deu a deixa para mais tarde criarem Arrow. O sucesso de Arrow abriu espaço para Flash e assim por diante."

Guilherme Wunder