A palavra fanzine vem do termo em inglês, fanatic magazine, que significa em português revista de fãs. Essa publicação artesanal feita por pessoas que tem como objetivo trocar informações e mostrar suas artes surgiu nos anos 30, nos Estados Unidos. Mas foi em 1965 que Edson Rontani apresentou para o Brasil a primeira fanzine, chamada ‘Ficção’, que funcionava como um boletim para os entusiastas dos quadrinhos.
Segundo o fanzineiro Denilson Reis a proporção que essa forma de mídia tomou no Brasil é grande, pois em um país onde o espaço para cultura é quase inexistente são esses meios que o público de um nicho especifico encontra para saber mais: “Os fanzines tornaram-se o veículo que abriu espaço para se falar daquilo que os meios de comunicação de massa não dão espaço. Assim, os fanzines se disseminaram pelo país, em especial nas décadas de 1980/1990.”
Denilson trabalha com fanzine desde 1987 e desde então já venceu três prêmios trabalhando nesse meio: Troféu Risco (1988), Prêmio DB Artes (2010) e Troféu Angelo Agostini (2012). Além disso Reis também é professor de história e roteirista de quadrinhos. Para ele as revistas artesanais alcançaram esse sucesso exatamente pelo fato de poderem ser produzidas por qualquer pessoa:
- O fanzine expressa aquilo que o fã quer dizer sobre o objeto cultural que é fã. Isto que os tornou tão fascinantes no mundo todo. Quando os fãs puderam ver que era possível escrever o que pensavam sobre algo que cultuavam e que não era tão difícil imprimir suas ideias numa folha de papel, o sucesso ficou eminente.
Para o roteirista, jornalista e escritor Roberto Guedes, o sucesso desse trabalho artesanal se dá porque elas são, antes de tudo, produções alternativas, e que, não raras vezes, geram novos talentos; além de dar oportunidade a veteranos que não encontram mais espaço no mercado editorial convencional. Segundo Roberto esses trabalhos estão se profissionalizando cada vez mais graças a facilidade de se montar uma revista no computador e também devido ao avanço tecnológico no setor gráfico, que possibilita ao editor independente encomendar tiragens menores, de ótima qualidade e a preços acessíveis.
O jornalista e escritor Fábio da Silva Barbosa prevê para o futuro desse meio que os verdadeiros fanzineiros vão continuar brigando pelo seu espaço. “O fanzine é alternativo justamente por ser uma alternativa ao que nos é empurrado goela abaixo pela sociedade, pelo sistema. A própria postura e concepção do fanzine é contra isso.” Roberto tem apenas o desejo de que esse mercado “cresça cada vez mais e mais.”
As projeções para daqui pra frente, segundo Denilson, são muito boas, devido a tecnologia acessível para boa parte da população: “Anualmente muito novos títulos estão aparecendo e sendo divulgados nas redes sociais e isto mostra como a plataforma impressa ainda apaixona as pessoas. É muito satisfatório pegar um fanzines nas mãos e poder ler em qualquer lugar e a qualquer momento. Por outro lado, tem um movimento que está resgatando a cultura do fanzine através de eventos, encontros e oficinas. Inclusive, muitos educadores estão levando os fanzines para dentro das salas de aulas.”
Guilherme Wunder
Nenhum comentário:
Postar um comentário