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O roteirista Gabriel Arrais lançou no final de 2014 a HQ ‘Necromorfus’, que conta a história de Douglas, um adolescente com algumas características incomuns. Ele não envelhece e está preso para sempre na idade de 16 anos. E ele pode se transformar em qualquer pessoa que já morreu, tocando em qualquer resto mortal. Com desenho de Magenta King, o quadrinho saiu pela RQT Comics em setembro. Em uma conversa com o criador da história, Arrais falou tudo sobre o projeto. Confira:
De onde surgiu a ideia do Necromorfus?
Na época (anos 90), eu era muito viciado em X-Men, mas o poder transmorfo da vilã Mística sempre me chateava. Então pensei num personagem em que esse poder fosse mais coerente. Durante todos esses anos, a única coisa que mantive foi o nome e o poder do personagem. Após todos esses anos na gaveta, a história ganhou muita maturidade. Na verdade eu ganhei maturidade e a história acompanhou. Quando criei o personagem, eu era um adolescente escrevendo sobre um personagem adulto. Hoje sou um adulto escrevendo sobre um personagem adolescente. Machado de Assis estava certo: o menino é o pai do homem (risos).
Como foi produzir o roteiro dessa trama?
Foi fantástico! Eu estou adorando pesquisar sobre as figuras (às vezes) históricas que o personagem assume a forma. Mesmo que passe despercebido para quem lê, existe muito estudo por trás dos personagens que aparecem na trama. Para a próxima edição, eu fui praticamente obrigado a ler quase todos os livros lançados em português de Charles Bukowski. Criar a identidade visual do gibi também foi bastante prazeroso: pude usar minhas habilidades como designer criando os logos da RQT Comics e também do Necromorfus. Trabalhar com o ilustrador Magenta King também foi muito enriquecedor, ele é o quadrinista underground mais mainstream que eu conheço.
Qual é a tua expectativa e como está sendo a receptividade do público?
Com esse novo projeto eu tentei não criar muitas expectativas. A pouca experiência que obtive nesses anos me mostrou que fazer quadrinhos independentes é muito complicado, ainda mais no Brasil. Porém a receptividade do público tem me surpreendido de forma positiva. Vejo as pessoas empolgadas e dá vontade de falar: “Calma pessoal! Essa é só a primeira história, nela vamos apenas conhecer o personagem principal!”. Mas de verdade espero que essa empolgação demore a passar.
Quais são os seus projetos para o futuro?
Atualmente estou escrevendo “Os Sete de Sampa”, uma ode a São Paulo de todos os loucos e bêbados. Por enquanto é só isso que posso falar sobre esse projeto. Durante a Comic Con Experience divulgamos algumas imagens da segunda história de Necromorfus, chamada "Poeta Interior". Nela Douglas assume a forma de um grande poeta para tentar impressionar a garota que ele conheceu na primeira edição. A parte real dessa história é que o poeta colocou uma inscrição em seu túmulo amaldiçoando "quem incomodar seus restos mortais". A partir daí o poeta começa a assumir o controle de Douglas, criando transformações sem que Douglas deseje.
Guilherme Wunder
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