segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Crítica de Kóblic

Filme: Kóblic (2016)
País: Argentina e Espanha
Classificação: 14 anos
Estreia: 13 de outubro de 2016
Duração: 115 minutos
Direção: Sebastián Borensztein
Roteiro: Sebastián Borensztein
Elenco: Ricardo Darín, Inma Cuesta, Oscar Martinez.

"Argentina, período da ditadura militar da década de 70. Kóblic, um ex-capitão das Forças Armadas é responsável por coordenar as operações aéreas conhecidas como os "voos da morte", onde elementos considerados subversivos eram arremessados de dentro dos aviões diretamente ao encontro do mar."

Kóblic conta a história do personagem que dá nome ao filme. O personagem, interpretado pelo grande nome do cinema argentino, Ricardo Darín, é um ex-capitão das Forças Armadas da Argentina durante ditadura militar dos anos 1970. Nesse período, Tomás Kóblic pilotava os aviões responsáveis pelos voos da morte, onde as pessoas que eram contra o regime eram atiradas no mar.

Não suportando mais trabalhar para o exército, Kóblic se torna um desertor e resolve se esconder em um pequeno - e fictício - povoado de Colonia Elena, na Argentina. No local ele consegue um emprego com um amigo, onde trabalha como piloto de avião para pulverização. O problema é que, apesar de sair do exército argentino, Kóblic acaba sendo atormentado pelo seu passado, seja através de lembranças como também graças ao xerife da cidade, Velarde, interpretado por Oscar Martínez.


Para nos apresentar o real tormento do protagonista, o diretor Sebastián Borensztein distribui no decorrer do filme, pequenos fragmentos das lembranças de Kóblic. Aos poucos esse quebra-cabeça é montado pelo telespectador. Essa iniciativa de Borensztein agrada e interfere positivamente no envolvimento que o público acaba construindo com o ex-militar. E esse é um dos pontos mais interessantes dessa produção argentina.

O diretor Borensztein também acerta na construção de uma trama coerente e tensa. A preocupação com Kóblic existe e a verossimilhança se faz presente em todo o enredo. Com certeza isso também é mérito de Ricardo Darín, que mais uma vez prova o seu potencial como ator. Toda a carga dramática que ele entrega ao seu personagem é importante e na medida para envolver os telespectadores e traze-los para dentro daquela realidade.

Talvez o único ponto negativo do filme tenha sido a construção dos demais personagens. No decorrer do filme, Kóblic se apaixona por Nancy, interpretada por Inma Cuesta. A personagem foi construída como uma dama indefesa e não teve sua história aprofundada, apesar de ter espaço para isso, pois ela tem uma carga muito pesada no seu passado. Além disso, o xerife Velarde também não teve todo o seu perfil bem construído, mas sim o seu lado corrupto e autoritário, como uma figura da ditadura. E, por mais que tenha sido raso, Oscar Martínez consegue entregar uma atuação que faz com que o público tenha raiva de seu personagem.


Trilha sonora e fotografia também foram dois recursos técnicos muito utilizados em todo o filme e, com maestria. Tanto o som quanto a falta dele fazem com que a tensão aumente cada vez mais. Além disso, a fotografia também agrada os olhos, com toda uma ambientação dos anos 1970, em uma região areosa, com uma paleta de cores que remete ao tempo e espaço escolhidos para a produção.

Particularmente eu admiro o cinema argentino e gostaria de entender mais como eles conseguem emplacar tantas boas produções no cenário cinematográfico. E, com certeza, Kóblic entra para a minha lista de indicações de filmes argentinos, com um bom enredo de um momento delicado e importante da história argentina e, porque não, da América do Sul.

Assista ao trailer abaixo:



Guilherme Wunder

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