sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Os percalços do stand up encontrados dentro do cenário do município

Viver de arte está cada dia mais difícil, principalmente em momentos de crise, onde a cultura é vista como algo supérfluo e acaba em segundo plano na vida de muitos. Contudo, sempre tem quem resolve nadar contra a maré. É o caso do alvoradense Douglas Pedro que, desde 2012, trabalha com stand up, na busca pelo reconhecimento e valorização de seu trabalho. 

Foto: Divulgação
O alvoradense conta que começou com 16 anos, quando abriu o show de uma banda de amigos da época da escola. “Eu estudava em uma escola tradicional do município e meus amigos tinham banda de rock. Eles faziam shows e, em uma destas apresentações, eu quis fazer stand up. Eu criei um texto sobre a nossa escola e aquilo foi uma grande loucura”, salienta Pedro. 

O que aconteceu depois deste show? Expulsão da escola devido às piadas de humor ácido e politicamente incorretas. Apesar disso, o comediante não desistiu e, desde então, luta por um lugar ao sol. Primeiro apenas em frente às câmeras, mas agora também alça voos maiores e se arrisca na produção de eventos. O artista já trouxe comediantes conhecidos, como Gio Lisboa e Nego Di, para se apresentar em Alvorada. 

Apesar dos shows terem trazido um bom público, Pedro afirma que não existe um cenário forte no município. “Eu conheço poucas pessoas e, quando me apresento, são em comedy clubs de Canoas, Novo Hamburgo e Farroupilha. Quando fazemos em Alvorada é no Garage 80’s. O problema é mobilizar as pessoas. Existem shows que lotam e outros que não vão ninguém”, confessa o comediante. 

O alvoradense explica que os movimentos do stand up na cidade ainda estão começando e que muitos não conhecem ou não sabem o que é essa vertente da comédia. Por causa disso, muitos donos de bares optam pela música. A ideia de Pedro é implantar esses eventos dentro da cidade e, além dos artistas renomados e que lotam shows, também abrir espaço para quem é de Alvorada. 

Futuro da carreira 

Com o trabalho de produtor, o comediante consegue ter uma renda – algo que ainda não é possível apenas com suas apresentações. “Como não sou conhecido é difícil levantar dinheiro. Não tem como fazer lucro, afinal meu nome não é forte no cenário. Se eu fizesse apenas meu show, acabaria passando fome. A produção acaba sendo o nosso salário, pelo menos até a gente conseguir estourar”, confessa o alvoradense. 

Contudo, Pedro acredita que sua carreira está se profissionalizando e 2019 pode ser marcado por voos maiores. “Antes eu fazia as coisas sem planejamento e não levava a sério. Ela não engrenou ainda porque sou péssimo para negociar. Agora tenho alguém que me ajuda na minha agenda e organização da carreira. O meu pai está cuidando disso para mim”, admite o comediante. 

Para o futuro, o alvoradense afirma querer poder viver apenas disso e ser reconhecido pelo público. “Eu quero que as pessoas me reconheçam como o cara engraçado e que as pessoas admirem o meu trabalho e tenham orgulho de ter um cara da cidade que se deu bem na área artística. Dificilmente eu penso nisso. Eu vou lá e faço”, conclui Pedro.

Guilherme Wunder

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