sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Jornalista alvoradense participa de fundação da Macatu Publicações e lança seu primeiro conto

Os quadrinhos independentes começaram o ano a pleno vapor. O selo Macatu Publicações, focado em produção independente de web comics (quadrinhos digitais), lançou, no apagar das luzes de 2018, o seu primeiro conto, intitulado “Floyd The Talker”, uma ópera espacial sobre ética, governos ditatoriais e violência. A história, de oito páginas, está disponibilizada gratuitamente na internet. 

O selo começou de uma iniciativa do mineiro Wendrick Ribeiro, que juntou o sonho de editar quadrinhos com o sonho do gaúcho Pedro Kobielski e do carioca Igor Tavares de escrevê-los, e o do maranhense Carlos Baima de desenhá-los. Os quatro iniciantes por enquanto formam o núcleo de produção da editora, centralizando as funções de curadoria, produção e edição. 

Foto: Reprodução
A iniciativa tomou forma no ano passado, quando o primeiro conto foi concluído, após meses de produção. Ainda estão no radar da editora, três contos e uma minissérie. “Em 2019, lançaremos dois contos e daremos início á minissérie. Esperamos que 2019 seja um ano-chave para a consolidação do nosso trabalho, tanto como criadores individuais, quanto como editora”, conta Kobielski. 

Com o momento de crise, investir em cultura pode ser algo arriscado, mas Kobielski não pensa nisso. “O mercado editorial para histórias em quadrinhos vive um momento paradoxal. Ao mesmo tempo em que temos uma efervescência criativa gigantesca, com muita gente produzindo muita coisa boa, temos um mercado editorial em crise e retração. As editoras não investem nem em quadrinhos, quanto mais quadrinhos nacionais, menos ainda em quadrinistas iniciantes”, salienta o alvoradense. 

Por isso o jornalista pensou no formato que estão sendo lançados os primeiros projetos. “A solução pra quem quer criar é encontrar soluções práticas, baratas e inovadoras. Por isso, encontramos essa solução das webcomics, que driblam toda a dificuldade de impressão e distribuição com a ferramenta de possibilidades quase infinitas que é a internet. E também porque não temos um tostão furado no bolso pra imprimir”, brinca o roteirista. 

Primeiro lançamento 

“Floyd The Talker”, o conto de estreia, é uma ópera espacial (no original, Space Opera, uma brincadeira com o termo Soap Opera, termo em inglês para novela) sobre um mercenário qualquer contando uma história pra lá de duvidosa em um bar. Se a história é real ou não, cabe ao leitor e ao pobre operário que a está ouvindo decidir. O conto está disponível em duas plataformas, o Tapastic, focado em histórias em quadrinhos, e o ISSU, agregador de arquivos, de forma gratuita. 

O alvoradense conta que a principal dificuldade que encontrou durante o processo criativo foi devido à inexperiência. “Eu tinha a trama bem clara na minha cabeça, mas como transformar isso em uma história com desenhos, balões e textos dentro de quadros distribuídos em oito páginas foi o maior desafio. Mas depois que consegui definir o foco da história e decidir qual seria o fio condutor da narrativa, tudo fluiu naturalmente”, afirma o jornalista. 

Contudo, apesar da primeira HQ estar saindo do papel apenas agora, o jornalista confesso que o sonho e a paixão pela nona arte são antigos. “Cresci em um lar habitado por uma professora de literatura e um leitor de quadrinhos, que me doutrinaram desde cedo no hábito da leitura. É um bichinho que te morde, e uma vez mordido, não se larga mais o vício. Sempre tive vontade de escrever quadrinhos, mas meus roteiros ficavam engavetados e destinados a passar a eternidade sendo lidos apenas por mim”, relata o alvoradense. 

Segundo ele, isso somente mudou quando foi convidado a integrar a equipe do site Terra Zero, que o colocou em contato com uma série de quadrinistas brasileiros. “Quando conheci o Wendrick, no FIQ 2015, começamos muito rapidamente a trocar figurinhas, e avançar essa relação pra uma parceria de trabalho foi natural. Conseguimos reunir um grupo de pessoas com duas coisas em comum: a inexperiência e a vontade de fazer. Produzir histórias com gente assim, sem medo de errar, é uma delícia”, conclui Kobielski.

Guilherme Wunder

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