Artista esteve presente nos dois dias de CCRS. Foto: Cristiano Correa |
Quem esteve presente na 5ª Comic Con RS, que aconteceu no mês de agosto, em Canoas, teve a oportunidade de conhecer grandes nomes do quadrinho nacional e internacional. Entre os grandes artistas presentes no evento, tivemos três estrangeiros que chamaram a atenção do público: Peter Milligan (Hellblazer e Homem-Animal), Rodolfo Santullo (Far South) e Leandro Fernandez (Wolverine e Justiceiro). E, para grande euforia deste que vos escreve, tivemos a oportunidade e o privilégio de entrevistas o último desses artistas citado.
Em meio a um portunhol bem meia-boca, aonde eu, com toda a minha “experiência” entrevistando estrangeiros (isso aconteceu apenas uma vez e foi na 4ª Multiverso Comic Con, com o Salvador Sanz) foi possível conversar e conhecer um pouco mais desse artista tão bem-visto e conceituado no mercado norte-americano de quadrinhos. Cabe ressaltar aqui que o argentino estava no Brasil para participar do evento, aonde esteve presente em painéis, sessões de autógrafos e também no lançamento de Far South, publicada no Brasil pelo selo Stout Club.
Entre os painéis que o argentino participou um dos que mais tiveram público foi Vertigo: todas as etapas de produção de uma HQ do selo – caso The Names. Foto: Cristiano Correa |
No lado de fora do evento, sentamos nós dois para um bate-papo curto, que duraria pouco mais de dez minutos, onde Leandro pôde me contar um pouco mais sobre sua trajetória. O argentino falou que, desde sempre quis ser desenhista, mas que no início era mais como hobby e diversão do que como um modo de ganhar a vida. “Me profissionalizei muito com o longo do tempo e me relacionando com outros nomes do mercado, principalmente com Eduardo Risso”, conta o quadrinista.
Para quem não conhece o argentino Eduardo Risso, saibam que ele era o desenhista responsável pela história 100 Balas, publicada pela Vertigo e que venceu o Eisner Awards de 2002, como melhor artista. Segundo Leandro, foi com ele que o seu trabalho começou a ganhar destaque no mercado internacional. “Trabalhando com o Eduardo Risso comecei a trabalhar profissionalmente com quadrinhos, primeiramente na Itália e, depois, para o mercado americano”, relata o artista.
Punisher é um dos grandes trabalhos do artista ao longo dos anos |
A Vertigo é um selo da DC Comics que é destinado a publicar histórias de um cunho mais adulto, com histórias mais pesadas. Na Marvel existe o selo MAX que tem esse mesmo objetivo e que está bem em vogue no momento por ter sido nele que Alias, história de introdução da personagem Jessica Jones e que serve de base para a série produzida pela Netflix. Nesse selo Leandro teve um de seus trabalhos de maior reconhecimento publicado, Punisher. Para o quadrinista, a liberdade e o seu estilo de desenho fazem com que ele prefira projetos como esse em vez de histórias de super-heróis publicadas por aí.
“Eu me sinto mais cômodo trabalhando em projetos para um público mais adulto, porque acho que minha arte combina mais com esse gênero. Não considero meu traço muito bom para desenhar super-heróis, por exemplo. Mas isso tudo é porque acho que minha arte se lê melhor em uma história adulta”, relata Leandro Fernandez.
Capa do projeto do artista que foi publicado no Brasil pela Stout Club. Arte: Leandro Fernandez |
Depois desse diálogo extenso em conteúdo mas bem rápido com questão ao tempo em que conversamos, Leandro adentrou no tema que o fez vir no Brasil: Far South. Todas as tramas se passam em um cenário que lembra os clássicos filmes de faroeste, mas que não é lá nos EUA, mas sim em algum lugar aqui da América do Sul. Para o desenhista esse ambiente aonde a história acontece é o que fez com que ele publicasse, ao lado de Rodolfo Santullo, esse que é o seu primeiro trabalho publicado no seu país de origem.
“Depois de muito tempo nesse ritmo de trabalho eu senti a necessidade de fazer algo que pudesse ser lido e compreendido pelas pessoas com quem cresci e vivi. No início não existia nenhum planejamento e a gente foi produzindo a HQ quando dava, por entretenimento mesmo. Mas, depois de concluída, queríamos muito publicá-la na Argentina e em outros países. Para nós é uma alegria poder ter lançado no Brasil também e queremos continuar essa história em um livro maior”, contou o argentino.
Trecho de Far South, trabalho recente do artista que foi publicado no Brasil em agosto |
O desenhista continuou contando um pouco mais sobre o sentimento de familiaridade que ele queria passar com essa história que também aborda a origem da sociedade do sul da América. Além disso, Leandro também falou sobre algumas características que eles usaram na trama e que ainda fazem parte da nossa realidade. “A nossa ideia era contar uma história de faroeste que se passasse nessa região e que mostrasse algumas características próprias do povo da época, como corrupção, sindicatos, bandidos rurais, entre outros elementos desagradáveis, mas comuns no passado e, infelizmente, no presente”, finalizou o argentino.
Depois disso Leandro gentilmente tirou uma foto comigo e continuou com a sua participação na 5ª Comic Con RS, que já está confirmada para 2016. Infelizmente eu não o encontrei mais e não pude pegar um autógrafo no meu exemplar de Far South, mas, mesmo assim, pude ver o porque de ele ser tão querido do público, afinal ele ficou horas depois autografando alguns de seus trabalhos publicados no Brasil.
Guilherme Wunder
Vejam esse vídeo que eu achei https://youtu.be/0982qOwxQRY é bem interessante
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