sexta-feira, 4 de março de 2016

Eduardo Damasceno: conheça um dos pioneiros do financiamento coletivo no Brasil

Mineiro é conhecido por trabalhos como Achados e Perdidos e Bidu - Caminhos. Foto: Divulgação
Mineiro que chega de mansinho e conquista fãs por todo o Brasil. Não é exagero nenhum definir o quadrinista Eduardo Damasceno com esses adjetivos. E se para quem ouve isso e nunca teve a oportunidade de conhecer o artista pessoalmente já pensa isso, quando o encontro presencial acontece toda essa simpatia se confirma. Pelo menos foi assim quando tivemos a oportunidade de entrevistá-lo na 5ª Comic Con RS, que aconteceu no mês de agosto, em Canoas. 

Para quem não sabe, Eduardo era um dos convidados do evento e participou de sessões de autógrafos e painéis, como o que teve como pauta as graphics MSP e que contou com a presença de quase todos os autores presentes e, sem sombra de dúvidas, o que contou com maior participação do público. Antes disso foi possível, entre palestras e autógrafos, conversar um pouco com o mineiro sobre temas da carreira dele e também do mercado do crowdfunding no país.

Painel sobre as Graphic MSP foi o que mais teve participação do público. Foto: Cristiano Correa
O quadrinista é conhecido por muitos por ter tido a primeira história em quadrinhos publicada através dos recursos arrecadados por financiamento coletivo, intitulado Achados e Perdidos e que reuniu 30 mil reais. Os números já são altos por si só e, quando pensamos que em 2011 (quando o projeto foi financiado) essa ferramenta não era tão conhecida na época, e possível ver o quão importante ele pode ser considerado para o mercado nacional.

Damasceno conta que sempre foi um entusiasta do crowdfunding e vê a plataforma como uma ferramenta que facilita a publicação de materiais que acabam não indo para as editoras. Segundo o mineiro, para adentrar nesse mercado foi necessário superar dois pontos que assustaram ele e o seu parceiro de trabalho, Luis Felipe Garrocho (que terá uma entrevista por aqui em breve): a falta de referências de sucesso e de reconhecimento do grande público.

Após painel, todos os artistas envolvidos no selo MSP participaram de sessão de autógrafos do evento. Foto: Cristiano Correa
“Realmente nós não tínhamos referência nenhuma de como faríamos para divulgar e conseguir alcançar a nossa meta e hoje em dia já é possível pegar alguns projetos de sucesso e se inspirar no que eles fizeram”, exemplifica Eduardo, que ainda completa “Só que não existe um jeito certo e nem uma fórmula de sucesso de como fazer algo assim, então não consigo avaliar se foi tão ruim não termos em quem nos inspirar na época”.

Com Achados e Perdidos, a dupla venceu o 24º Troféu HQMix, na categoria Homenagem Especial, no ano de 2012. No ano seguinte, lançou, também com Garrocho, a graphic novel infantil Cosmonauta Cosmo e, posteriormente, a dupla foi convidada para participar do projeto Graphic MSP, criando uma HQ com o personagem Bidu. Na história do carrochinho querido pela Turma da Mônica, os parceiros de trabalho contaram a história de como Bidu conheceu o seu melhor amigo, Franjinha. 

Uma das previews da primeira história do Bidu escrita pela dupla. Arte: Divulgação
O mineiro contou que, depois de começar a trabalhar nessa área, tanto ele quanto Garrocho começaram a conhecer outras pessoas que já estavam inseridas no mercado de quadrinhos, como, por exemplo, Vitor e Lu Cafaggi. Foi graças aos dois que eles conheceram o projeto Graphic MSP. “Quando vimos isso a primeira coisa que pensamos era qual personagem gostaríamos de trabalhar. Isso antes de nos convidarem. E eu e o Garrocho sempre falamos que o mais difícil de se fazer é o Bidu, porque eu não sabia desenhar cachorro e a gente não fazia ideia de que histórias poderíamos contar”, confessou Damasceno. 

Mas, quem leu Caminhos (título da história contada pelos dois) sabem que eles fizeram um bom trabalho. E, agora, esses mesmos leitores estão ansioso para ver a continuação das histórias do personagem. Na FIQ 2015, Sidney Gusman anunciou Bidu 2 para 2016, algo que os fãs queriam muito ver (eu mesmo perguntei isso para ele quando teríamos uma continuação). Depois dessa conversa rápida, mas produtiva, Eduardo seguiu para os seus painéis e também acompanhou Lu Cafaggi, que é sua companheira. E, o que nos resta agora, é esperar para conferir esse e outros trabalhos do mineirinho que chegou de mansinho e que conquistou mais um fã em sua estadia em Porto Alegre.

Guilherme Wunder

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