Brenilcio Maria de Jesus, 64 anos, é morador do Bairro Passo do Feijó desde o seu nascimento. Na época nem existia o município, pois a emancipação ocorreu em 1965, quando ele já tinha nove anos. Ao lado de seus quatro irmãos, o escritor cresceu e se tornaram conhecidos dentro do município pelos seus projetos culturais ligados as artes visuais, capoeira e literatura.
Foto: Guilherme Wunder |
Anos se passaram e projetos foram desenvolvidos. Ele fez exposições de suas telas, palestrou sobre o município e se tornou carnavalesco na Estrela do Umbu. Além disso, também editou o livro “Uma Visão da História do Negro no Brasil” e participou da obra “Raízes de Alvorada”. Após longos anos de trabalho prestados na cultura, Brenilcio Maria de Jesus foi escolhido para ser o patrono da 16ª Feira do Livro de Alvorada.
Confira a entrevista com o patrono
Qual a importância de se investir na cultura do município e em guardar as histórias da cidade?
As pessoas daquela época já faleceram ou estão idosas. Então essas histórias que eu conto já estão sendo perdidas. Senão tiver esse resgate às pessoas não conhecerão a origem, os maquinários, as ferramentas e tudo que ocorreu até a emancipação. Seria necessário inclusive tombar prédios que são daquele tempo e que, por mais que não estejam bem conservados, contam a história do município. Também existe um acervo fotográfico que merecia um espaço que hoje não existe e isso faz muita falta.
Qual sua relação com o carnaval junto a Estrela do Umbu?
Eu trabalhei na ARCCA, através da Escola Estrela do Umbu, onde me iniciei no carnaval. A minha participação era com eles, onde sou carnavalesco e desenho os figurinos, além de desenvolver toda a estrutura das alegorias. Já na ARCCA fui secretário e vice-presidente, sempre lutando para manter o evento vivo. Sempre que faltam recursos eles tiram da cultura. Já faz três anos que não existe o evento, mas ano que vem eles prometem voltar. Vencemos quatro títulos e cinco vice-campeonatos nos últimos nove anos.
Como foi o convite da Secretaria de Educação para que o senhor fosse escolhido o patrono?
Essa escolha me surpreendeu muito. Eu sempre escrevi e fiz minhas crônicas, mas nunca tive a pretensão de ser patrono ou xerife. Eu fazia meus trabalhos. Atualmente passo por um momento difícil, pois minha faleceu recentemente, e nem esperava nada disso. Foi quando recebi o telefonema da secretária me convidando para patrono, pois havia três nomes na mesa e o prefeito me escolheu para ser o patrono. Aceite o convite pelo desafio e estamos prontos para tocar esse projeto.
O senhor acha que a escolha do seu nome para patrono visa resgatar e valorizar a história do município?
Sim, porque quando foi feito o movimento para a emancipação eu era pequeno, mas já conhecia as pessoas que participaram deste processo. Eu tenho o conhecimento de onde foi à primeira Prefeitura, o primeiro cartório eleitoral. A gente tem um resgate daquele período e de todos os confrontos que existiram naquela época. É possível contar as histórias da cidade, onde era meia dúzia de casas e nem ruas existiam, mas sim trilhos. Esse resgate é correto, mas também existem outras pessoas qualificadas para contar essas histórias.
Guilherme Wunder
Nenhum comentário:
Postar um comentário