sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A pacata vida do homem que subiu no palco com Roberto Carlos e Cauby Peixoto

Alvorada conta com grandes histórias e grandes nomes em sua história. Seja no passado como no presente – e se espera que no futuro – o município revela nomes nas mais diversas áreas. Contudo, existem pessoas que escolhem essa cidade para viver de forma sossegada e depois de todo o sucesso. Isso acontece devido à calmaria que o município oferece por não ser uma grande metrópole. 

Fotos: Guilherme Wunder
Esse é o caso do sargento aposentado Ayrton Fagundes da Silva, de 83 anos. Nascido em Porto Alegre, ele encontrou no município um lugar para criar seus filhos, netos e bisnetos. Isso aconteceu em 1991, quando se mudou do Porto Seco para Alvorada. O motivo: viver em um lugar mais tranquilo e bom de morar, além de ter conquistado o sonho da casa própria. 

Contudo, uma história que muitos não sabem é que o sargento da Silva também era conhecido como Ayrton do Bandolim. Talvez o nome artístico seja mais conhecido que o nome que carregou no exército. Tudo porque a música foi sua grande paixão. Foi com ela que ele conseguiu alcançar personalidades consideradas por muitos como ídolos intocáveis. 

Que músico não tinha o sonho de tocar com Roberto Carlos? Ou fazer uma turnê com Cauby Peixoto? Imagine então poder dar aula para Humberto Gessinger? Todas essas preposições podem ser vistas como sonhos para muitos, mas para o seu Ayrton, essa foi à realidade de sua vida. Ele viveu esse sonho e, em sua casa no Bairro Jardim Porto Alegre, pode contar como tudo aconteceu. 

Roberto Carlos 

Era início de manhã quando a filha Rose recebeu a reportagem. No portão ela já disse: “Ele separou os instrumentos e está sentado no sofá, no aguardo de vocês”. Ao chegar encontramos um senhor tímido e acanhado, com um álbum de fotografia nas mãos e, ao seu lado, violão, cavaquinho e bandolim. Contudo, logo a timidez foi embora e o alvoradense (assim se considera) de 83 anos começou a contar sua história. 


Ayrton disse ter tocado em grandes palcos, como Theatro São Pedro, Ginásio da Brigada Militar e Araújo Vianna; além de ter se apresentado em diversas boates de Porto Alegre. Era vizinho de Lupicínio Rodrigues, com quem dividiu palco, e já havia se apresentado com Cauby Peixoto, Wanderléa, Os Incríveis e Wanderlei Cardoso. Contudo tinha uma história que chamava a curiosidade de todos. 

Quando a pauta chegou à redação, o discurso foi o seguinte: existe um morador de Alvorada que se apresentou com o Roberto Carlos. Aqui não está se falando de qualquer cantor ou compositor, mas sim o rei Roberto Carlos. O senhor que se apresenta anualmente no final de ano e que lotam cruzeiros e arenas por onde passa. E um alvoradense tinha dividido o palco com ele. 

Quando questionado, seu Ayrton afirma e conta não se lembrar do ano em que isso aconteceu, mas que na época o Roberto estava começando e o show foi no Ginásio da Brigada Militar. “A gente viu que ele estava muito nervoso e, quando um dos caras da nossa banda foi falar com ele, soubemos que o conjunto estava atrasado e ele não tinha quem tocar. Na hora a gente se apresentou e disse que conhecíamos todo o repertório. Ele ficou bem mais tranquilo depois disso”, confessa o músico. 

Esse sonho de viver da música veio desde sua infância, quando ganhou um cavaquinho e começou a tocar. Segundo ele, seu pai adorava o ver se apresentando e, desde aquela época, já havia começado a tocar em teatros e circos da capital. Depois disso que o músico pegou a guitarra, onde fez parte de duas bandas e venceu um prêmio como melhor solista de Porto Alegre. 

Curiosidades 

Além de morar no município, o músico também construiu uma relação muito importante com o ex-prefeito Léo Barcelos (in memoriam). “O Léo sempre fazia saraus na casa dele aqui e na praia. Sempre mandava alguém me buscar para a gente tocar e cantar juntos. Eu o conheci através de um amigo em comum. Acabamos ficando muito amigos. Ele gostava muito de música e cantava muito bem”, conta Ayrton. 

Essa experiência com o ex-prefeito e com outros cantores com quem dividiu palco fez com que ele compreendesse que talento não era tudo na música. “Se tu escutas uma música tu escutas o que gosta e quer sentir algo diferente. Por isso que a arte tem de ser feita com amor. O talento e a expressão também são muito importantes, mas sem coração não tem como”, enfatiza o músico.

Guilherme Wunder

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