quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Gustavo Duarte fala sobre sua carreira no mundo dos quadrinhos

Uma das atrações da 5ª Comic Con RS, que aconteceu no mês de agosto, em Canoas, foi o quadrinista e cartunista paulista Gustavo Duarte. O artista estava entre os mais requisitados (e atenciosos) pelo público presente no evento e, entre seus painéis e sessões de autógrafos, sempre arrumava um tempo para ficar no artist alley do evento, para atender aos fãs que o procuravam.

Gustavo Duarte participou de entrevistas e painéis durante os dois dias de evento. Foto: Cristiano Correa
Para quem não conhece o artista, vale aqui dizer que ele foi um dos primeiros artistas que tiveram a oportunidade de participar do selo Graphic MSP, onde contou a história do Chico Bento, intitulada Pavor Espaciar. Além disso, Gustavo também lançou as HQs Táxi, Có!, Birds e Monstros. Esses trabalhos foram lançados de forma independente e, posteriormente, a Companhia das Letras publicou elas no Brasil e a Dark Horse lá nos Estados Unidos.

Isso tudo sem falarmos dos seus mais recentes trabalhos para as duas grandes editoras estadunidense, Marvel e DC Comics. Enquanto na primeira ele trabalhou com os Guardiões da Galáxia, no segundo foi com o personagem Bizarro que ele conquistou seu espaço. Segundo o próprio artista nos contou logo após o painel das Graphic MSP, esse reconhecimento e, posteriormente, convite para trabalhar nas duas editoras foi graças as suas publicações independentes que a Dark Horse levou para lá.

Entre os painéis que o paulista participou estava o que falava das diferenças entre publicação independente e de editora. Foto: Cristiano Correa
Gustavo ainda conta que foi assim que ele teve a oportunidade de mostrar o seu trabalho, afinal foi com a Dark Horse que ele conseguiu colocar seus trabalhos em praticamente todas as comic shops dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. E foi nesse último país que o convite de trabalhar na Marvel surgiu.

“O Andy Lanning, que é o escritor que me chamou para trabalhar na Marvel, foi o cara que, junto com o Dan Abnett, formou esses Guardiões que a gente conhece, com o Groot, Rocky e Gamora. Ele conheceu Monstros, gostou do meu traço e me convidou para fazer uma história do Groot, porque ele fala mas não fala e combinaria com a minha ideia de história muda”, destaca o paulista.

Na DC Gustavo teve a oportunidade trabalhar nas HQs do Bizarro. Arte: Gustavo Duarte
Com certeza foi com os Guardiões que o artista acabou ganhando cada vez mais espaço no mercado americano, algo que a DC Comics viu e aproveitou para convidá-lo a desenhar um personagem tão querido e, ao mesmo tempo, vilanesco da editora: o Bizarro. Para Gustavo essa foi uma experiência incrível e ele gostou muito de trabalhar com um personagem que, segundo o artista, tinha uma veia tão cômica que não era aproveitada pelos autores que o viam mais como vilão do que como um cara diferente.

Uma das dúvidas que eu tinha e que foi respondida pelo cartunista era sobre quais são as diferenças entre se produzir uma história mais tradicional, com diálogos e desenhos, para o seu estilo, onde as histórias, em sua maioria, são mudas. Gustavo foi franco e disse que o “difícil é fazer bem feito”. Segundo o autor, é possível se compreender um bom quadrinho só com os desenhos. “É óbvio que a fala é sim importante mas, como um artista, eu tenho que conseguir expressar as coisas que eu quero passar só com desenhos”, ressalta o artista.

Além disso, também fez parte da Graphic MSP em Pavor Espaciar. Arte: Gustavo Duarte
Outro trabalho de Gustavo que não poderia deixar de ser falado nessa entrevista foi a sua graphic MSP, Chico Bento – Pavor Espaciar. O quadrinista foi o autor da terceira história que o projeto lançou. O paulista contou que, desde o início, sempre teve vontade de trabalhar com esse personagem, que é o seu favorito das criações de Mauricio de Sousa. Além disso, Gustavo também falou sobre como foi trabalhar com o querido caipira que está tão presente no nosso imaginário.

“Eu tinha liberdade sim. Óbvio que não podia fazer sacanagem, sangue e outras coisas que não combinavam com o personagem, mas eu tinha sim liberdade para criar a minha história. Até porque, mesmo se pudesse, eu não teria coragem de fazer isso com um personagem tão querido pelo público, e me incluo nisso”, concluiu o artista, que também revelou que já esta´trabalhando em, pelo menos, três novos livros e que sente falta de trabalhar em algo dele. O que os leitores podem fazer agora é esperar o que esse autor pode produzir e nos presentear.

Guilherme Wunder

Nenhum comentário:

Postar um comentário