terça-feira, 6 de setembro de 2016

Crítica de O Roubo da Taça

Filme: O Roubo da Taça (2016)
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Estreia: 08 de setembro de 2016
Duração: 90 minutos
Direção: Caíto Ortiz
Roteiro: Lusa Silvestre e Caíto Ortiz
Elenco: Paulo Tiefenthaler, Taís Araújo, Danilo Grangheia, Milhem Cortaz, Stepan Nercessian, Mr. Catra, Fabio Marcoff

"Baseado no caso real do roubo da Taça Jules Rimet, entregue aos campeões da Copa do Mundo. Peralta é um simples corretor de seguros que começa a sofrer pressões de todos os lados. Em casa, sua namorada Dolores dá um ultimato: é casamento ou fim de papo. Por outro lado, suas dívidas que se amontoaram rapidamente, começam a ser cobradas. Quando tudo parece perdido, uma brilhante ideia cruza a cabeça de Peralta: um plano que vai resolver todos os seus problemas. Com a ajuda de seu amigo Borracha, um sujeito nada inteligente, Peralta decide roubar a Taça Jules Rimet de dentro dos cofres da CBF (Confederação Brasileira de Futebol)."

O filme foi apresentado no Festival de Gramado e já chega ao circuito nacional nesta quinta-feira (08) com a responsabilidade de ser um dos 17 longas brasileiros que disputam uma vaga no Oscar 2017. E, com certeza, a produção consegue dar conta do recado e o diretor Caíto Ortiz entrega uma das melhores comédias brasileiras produzidas no século XXI.

A história do filme conta o roubo da Taça Jules Rimet, fato esse que aconteceu em 1983 e que mostra que, desde aquela época, a CBF já era a bagunça que conhecemos hoje. Ortiz constrói o seu longa partindo dessa premissa, inserindo o público dentro da realidade vivida naquela época. E esse escândalo é retratado em uma comédia, gênero que, na teoria, não condiz muito com o momento histórico.

Foto: Divulgação
Mas o diretor consegue entregar um filme divertido e que arranca risos do público, mas sem aquele humor pastelão e sim com algo mais sútil e inteligente, fazendo com que o telespectador pense e, mesmo assim, ria da bagunça existente naquele período. Outro fator que auxilia nesse quesito é o elenco, que está afinado e muito bem sintonizado. Todos os atores merecem os parabéns, mas os grandes destaques são  Paulo Tiefenthaler, Taís Araújo e Fabio Marcoff.

O trio consegue entregar algo muito bem feito, com sacadas geniais. Esse potencial fica ainda mais aparente quando comparamos os outros trabalhos deles. A versatilidade e potencial de ambos são dignas de nota e conseguem enriquecer a produção. Se tivesse que destacar um dentre os três seria Paulo Tiefenthaler, que entrega um personagem tipico dos anos 70 e 80, com todos o seu estilo e seus trambiques.

A fotografia da série e as paletas de cores utilizadas na produção também valorizam ainda mais a direção do filme e todo o trabalho artístico por trás da história, isso sem falar nos figurinos. Todos esses pontos remetem bem a época e funcionam de forma única na ambientação daquele período. Não existe nenhuma falha nesse quesito.

Foto: Divulgação
Um dos poucos pontos negativos da trama está na sua parte final. Nesse momento o enredo do filme foge da resolução do caso e se encaminha para o romance existente na trama. Não que isso seja um problema de fato, até porque o longa se inspira nesse fato histórico, mas não busca retrata-lo com fidelidade. A questão é que a narrativa perde força exatamente porque acaba fugindo um pouco do seu foco inicial. No decorrer do filme é possível ver que existe o destaque para o caso em si, mas ele perde força no final.

Não sei se O Roubo da Taça tem chances ou não de ser o selecionado brasileiro ao Oscar. Na realidade acredito que ele não deve superar Aquarius, mas acho que ele, ao lado de Um Noivo Para Minha Mulher, podem significar um sopro de qualidade e de boa construção narrativa no cinema brasileiro. Tomara que filmes assim conquistem seu espaço e seu público, pois a produção nacional não pode viver somente de comédias sem histórias por trás e que sirvam apenas para forçar um riso de três segundos.

Assista ao trailer abaixo:



Guilherme Wunder

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